Ele aprendeu a cozinhar aos 20 anos, em busca da independência na própria escolha do que comer. A culinária de Ruan Félix não veio de berço, nem de paixão, mas de uma decisão: se tornar vegano. “Eu não sabia fritar um ovo, mas não podia pedir pra ninguém preparar comidas diferentes para mim, então fui pro fogão na marra”, contou o jovem.
O veganismo entrou em sua vida a partir da influência de uma amiga militante da causa, que recomendou vídeos e documentários para Ruan. “Depois de ver o sofrimento, os dados, as explicações, não tem como desver.” A decisão desencadeou uma mudança que foi além da própria alimentação – fez com que o jovem, já insatisfeito profissionalmente, se apaixonasse pela gastronomia.

Pouco tempo depois, Ruan decidiu buscar profissionalização na área. “Muitos cozinheiros veganos trabalham de olhômetro, sem base teórica, e eu não queria isso, queria saber mais e entender o que estava por trás da minha cozinha.” Foi nesse momento que encontrou a Gastromotiva, a partir de outra organização – a Micro Rainbow, que cria ferramentas e encontra oportunidades para a população LGBT.
A sexualidade também é aspecto importante da vida de Ruan, principalmente pela sua vivência em Magalhães Bastos, bairro do subúrbio do Rio de Janeiro, a mais de 30 quilômetros do centro da cidade. “Eu comecei a entender que o que faço não é só um prato de comida, por trás daquele prato tem um jovem do subúrbio, que é LGBT, correndo atrás de uma câmera que não é dele, um cenário que não tem na casa dele, pra fazer fotos boas pra estar no mesmo nível de pessoas que tem acesso a isso tudo, que tem acesso a bons alimentos, a brotos e orgânicos com facilidade”, contou ele.
Os seus valores são diretamente refletidos no seu trabalho. Hoje, aos 26 anos, o jovem produz almoços, jantares, eventos e aulas. “Recentemente fiz um almoço em que as pessoas não sabiam o cardápio e mesmo assim contrataram. Nesse dia pude perceber que ninguém mais está pagando por comida e, sim, por uma experiência.”
Mas sua maior influência é através do seu Instagram, onde conta com mais de 10 mil seguidores que acompanham receitas e problemáticas do seu dia-a-dia. “Eu nunca tinha me pensado como educador, mas, particularmente, gosto disso por tudo que carrego, por toda a representatividade. Consigo mostrar pra pessoas que nem eu que é possível, e não em uma lógica meritocrática, eu só assumo o meu papel de mostrar que essa realidade existe.”
Acho incrível este trabalho de resgate de alimentos.Será que nas escolas do Senai fazem esses serviço social? Me disseram que as sobras não podem ser doadas , nem para os alunos.