De operador de radar a piloto de fogão

24/07/2019

Aos 17 anos, como todo recém saído da escola, Rodrigo Ottoni se preparava para a vida adulta. Depois de não passar para universidade pública, o jovem se viu em dúvida de qual caminho seguir. Escolheu aquele que era a paixão de seu pai: o militarismo. Aos 18, Ottoni se alistou à Marinha do Brasil.

“Eu não sabia como a Marinha funcionava, nem a hierarquia, nem o trabalho, nem a disciplina. Eu entrei e fui ficando. Depois de cinco anos consegui me adaptar e entender meu espaço lá”, contou Rodrigo.

Ao mesmo tempo em que trabalhava como Operador de Radar, Ottoni se dedicava à sua verdadeira paixão: a gastronomia. Sempre que podia, cozinhava para amigos e para família. Desde criança, Rodrigo era apaixonado por cozinhar .”Eu assistia o programa da Ofélia, uma cozinheira da época, e repetia todas receitas em casa.” Não demorou muito pra que a paixão virasse sua profissão.

“Chegou um momento em que percebi que estava sendo muito reprimido na Marinha. Me reprimiam pela minha sexualidade, ao mesmo tempo que o trabalho reprimia minha criatividade”, explicou. Em 2017, tomou a decisão de sair do militarismo e se dedicar a comandar fogões.

Em uma busca na internet, encontrou a Gastromotiva. Primeiro se inscreveu para ser voluntário de serviço nos jantares solidários do Refettorio Gastromotiva. Depois, para a 1° turma do curso Empreenda: Faça e Venda no Rio de Janeiro. Se apaixonou pelo espaço, pelas pessoas e se encontrou na Gastronomia Social e no Desperdício Zero. Hoje, aos 38 anos, Ottoni continua como voluntário no Refettorio Gastromotiva. Dessa vez, junto à equipe de cozinha.

“Meus planos são continuar na cozinha, ficar pelo Refettorio e ver o que vai dar. Eu não gosto de planejar o futuro, gosto da surpresa. Sei que não quero ficar parado, porque é quando você se movimenta que as coisas acontecem” concluiu Rodrigo.