A Gastromotiva como passaporte de Patrícia Brandão

10/09/2019

Patrícia passou a infância com sua mãe e mais quatro irmãos em uma quitinete – pequeno apartamento com dois cômodos. “Julgavam nossa família por ser formada por uma mulher com cinco filhos. Diziam que alguém não ia ‘dar certo’, ia virar bandido, mas minha mãe sempre nos ensinou que com caráter e amor a gente abriria muitas portas.” E foi em outro pequeno ambiente que Patrícia encontrou as portas abertas que buscava – no folie à deux, bistrô no Cosme Velho, RJ, onde começou a trabalhar há dois meses.

Ex-aluna da 7° turma do Curso de Cozinheiro Profissional com Ênfase em Gastronomia Social, Patrícia, hoje com 28 anos, era profissional na área de vendas. E começou a cozinhar pelo desejo e habilidade de fazer bolos, indo muito além da área de confeitaria. “Para crescer e aprender, é preciso sair da zona de conforto”, contou ela.

Foi na Gastromotiva onde ela virou essa chave em sua vida. “Eu comecei a fazer o que eu sempre quis, que era entrar na cozinha e dar meu sangue por ela.” E, no Refettorio Gastromotiva, cozinhou para convidados que, assim como ela, viviam em situação de insegurança alimentar. “Vi histórias muito parecidas com a minha. E chegar onde eu cheguei é uma forma de virar para qualquer pessoa e dizer que ela também pode”, afirmou Patrícia.

De acordo com ela, o curso foi um pontapé pra sua trajetória na gastronomia, enquanto trabalhar no folie à deux é um passaporte para o seu futuro. A oportunidade surgiu através de Clarisse Ivo, sócia do bistrô e funcionária da Gastromotiva, imediatamente após a formatura. “Aqui eu encontrei liberdade para criar, e considero o folie como minha segunda casa. Eu dou o meu melhor, e eles não merecem menos que isso, sinaliza.”

A chef do bistrô, Danielle, começou como estagiária e ao se formar em Gastronomia pela UFRJ, entrou para a sociedade. Ela contou que desde que Patricia entrou, já amadureceu muito -consegue fazer tudo sozinha e já entendeu as dinâmicas da pequena cozinha. Ela também reconheceu a importância de cursos como o da Gastromotiva. “Os cursos de Gastronomia são muito recentes em relação a outras áreas que já estão consolidadas no mercado. E são cursos voltados para uma elite. Dar a outras pessoas essa ferramenta é muito importante, afinal, o que mais falta no Brasil hoje é a educação”, pontua.

Sobre o futuro, Patrícia é confiante. Seu sonho é ser uma chef estrelada e afirma “não vai demorar muito pra eu chegar aonde eu quero. Eu vou chegar.” E finaliza com um conselho, “sigam em frente porque as dificuldades são só mais um processo que precisamos passar pra aprender quem a gente é de verdade. Precisamos entender que a gente pode e que a gente vai chegar onde quiser”.